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Psicanálise em prosa e verso - Psicanálise clínica

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MEUS ANOS DOURADOS

12/02/2014 20:48

Todos nós temos algo de nostálgico: um cheiro, um sabor, um encontro, uma música, um sonho... Uma época - poderia falar de todas, como se o tempo não existisse e todas as épocas e emoções fossem fruto de um mecanismo atemporal e coletivo. Mas, cada tempo é diferente, tem sua história própria e cada pessoa sabe de seus momentos marcantes e de suas sensações.  Quem nunca disse - com uma boa entonação emocionante na voz: “isso era da minha época”!

É tudo como um sonho, algo bom de ser lembrado e compartilhado; nasci ao som da discoteca, cresci descobrindo os segredos da força – e que Darth Vader era pai de Luke, procurei um amor nos braços de uma vassoura – ao som de Live to tell , vi o desespero de uma nação ao sepultar um presidente ao som de Coração de Estudante, dancei valsa sob um globo espelhado, usei roupas e sombras mais coloridas de toda a história – e new wave nos cabelos, chorei com A Garota de rosa shocking, Ruas de Fogo, Namorada de Aluguel, Rokcy, Flashdance... Sim! Pulei elástico, joguei ATARI, respondi cadernos das amigas, colei papel de bombom em agenda, troquei retratos, tive uma mochila da company, uma agenda da OP, um biquíni da Sputinik, uma jaqueta da Divina Decadência e dancei Silent Morning na festa em que dei meu primeiro beijo, mas fui proibida de ver a minissérie Anos Dourados – vi no vale-a-pena-ver-de-novo. Poderia até contar que fumei Free – uma simples questão de bom senso, durante duas décadas, mas pegaria mal. Só me resta dizer: “Estribado demais tudo isso, cara!”

Ouvi minha mãe falando das moças de vestidos rodados e de como os homens as respeitavam. Ela falava de Elvis e de como o rock começou. Interessei-me pelo que foi de ‘dourado’ para os outros, suas histórias, tão lindas, às vezes pueris, de gentilezas, de moralismos e de como, mesmo assim, eles deixaram tudo rolar e o som dos Beatles na vitrola...

Hoje, penso em minha filha: o que ela pensa? O que sente? Que época é essa? Esse é o hoje! E ele é nosso: é meu, dela, de minha mãe e de todos nós.  Porque apesar, de muita música estranha, a informação é um ganho imensurável e as gerações já não se chocam tanto, porque minha filha sempre terá Beatles, Madonna, Star Wars, Flashdance... E eu sempre terei Harry Potter, internet – banda larga, o smarphone, o netflix, e juntas percebemos como é possível viver de forma atemporal, prestigiando o que há de melhor (de ontem, de hoje), cada uma defendendo ‘a sua época’, mas de alguma forma imaginando sempre uma vida longa e próspera.

 Jump!

Daniella Salgado, psicanalista em formação, professora, formada em enfermagem.