“MEA CULPA, MEA MAXIMA CULPA” – Tenho certeza que todos já ouviram essa expressão em algum lugar. Temos até impressão de que nasceu com a gente. Ela faz parte da cultura acidental cristã e foi enraizada em nós durante séculos. Porém, é crucial para nossa felicidade trabalharmos as nossas culpas.
Primeiramente assumir culpas é algo muito difícil, diria até incompatível com nossa natureza instintiva. Trata-se de um sentimento desagradável e temos a tendência de direcioná-lo ao outro ou a situação, a vida, ao destino, a Deus... E de até odiar o objeto da causa desse sentimento em nós. Esse é um mecanismo de defesa que provavelmente existia há tempos e que a igreja percebeu e de várias maneiras nos trazem sempre a tona de que a “culpa é nossa.”- E de como é nobre sentir-se assim.
É claro que devemos assumir nossas culpas, é positivo e necessário esse enfrentamento; mas viver delas não. Tê-las a todo o momento sendo lembrada e martirizada em nós não tem nada de positivo: a culpa escraviza e aprisiona a vida do ser humano. Tira sua alegria e paz, gerando autodestruição, vergonha e medo. Perdoar a si mesmo é entender que ninguém é perfeito. Todos cometem erros. Em algum momento da vida, fizemos algo errado ou deixamos de fazer algo. Isto é da condição humana.
Reconhecer as próprias falhas é ser humildade, aprender é ter como princípio a resiliência e nos mostra que nosso objetivo maior não é com culpas, mas com a nossa evolução, de sermos melhores do que fomos ontem.
Daniella Salgado, psicanalista em formação, professora e enfermeira.