Interessei-me por política aos dez anos de idade quando vi pela televisão o povo nas ruas, embaixo de chuva, se cobrindo com a bandeira nacional, ao som de "Coração de Estudante" e com os lemas: "o povo unido, jamais será vencido" e "Diretas já". Não entedia de política aos dez anos, mas entendi que o povo é quem manda! O povo unido consegue! Onde está o povo agora? O que os partidos políticos se tornaram hoje? O primeiro a se corromper foi o PMDB, que era o exemplo desta época citada. Depois vieram outras decepções: PDT, PSDB, PT (a que mais me doeu) e o PV. Partido é criado por pessoas e as pessoas querem o que for melhor para si e não para o próximo. É sempre o mesmo blá, blá, blá sem fim e hoje decidir voto se tornou: “qual será o menos pior”? Acabou aquela paixão...
Nas eleições de 89 desci a principal avenida de minha cidade enrolada numa bandeira maior do que eu do PDT de Brizola, acompanhei com entusiasmo o começo do PSDB - outra decepção - fui vencida pelo PT e seus ideais marxistas. Acho que os petistas nem sabiam quem foi Karl Marx verdadeiramente e também, sejamos francos, o comunismo é uma utopia, é uma ditadura disfarçada de boas intenções, nada mais. Cada um quer para si. Dividir? Jamais! Não nos faltam exemplos de países socialistas que são pobres ditaduras autoritárias e hipócritas.
Sim, eu já tentei de tudo! Já apoiei de tudo! Interessei-me por ideias distintas, pessoas que queriam fazer a diferença. Mas hoje me pergunto: Diferença pra quem? Em um país com leis estranhas: Primeiro enfatizam a equidade e justiça depois no deparamos com algo denominado: “foro privilegiado”. Por que “estes” tem o privilégio? Impechmamos um presidente por corrupção, então por que os outros não foram impechmados? Vivemos em um país que um político diz em rede nacional: “Eu roubo, mas eu faço” e nada acontece! E este fulano em questão é reeleito de novo e de novo e com o apoio daquele que em 1989 o enxovalhou aos berros quando era sindicalista e “pobre”!
Entre “mortos e feridos” está o povo, cansado de lutar, mas que só sabe reclamar e adora tirar uma vantagem. E eu, na atual conjuntura, não simpatizo com nenhum partido e nem tenho mais convicções pré-estabelecidas como “direita ou esquerda.” Eu sou uma cidadã, que escolho meus candidatos na base do “menos pior” . Até aparecer um “menos” que prove ser “mais” que faça – sem roubar – e tenha a coragem de fazer uma grande reforma política. Será que existe?
(Texto escrito em 2008)
Daniella Salgado - psicanalista em formação, professora e enfermeira.